quinta-feira, 10 de março de 2011

--No trem--



Havia o barulho do trem, como um som contínuo em meus ouvidos. Estremeci no banco duro em que estava deitada, ainda nos últimos resquícios de um sono pesado. Abri os olhos com esforço e vi um forro, com prateleiras de madeira para bagagens. Pisquei algumas vezes tentando me situar e sentei 
atordoada. Um trem. Eu em um trem.
A questão era: O que eu estava fazendo naquele trem!!
A última coisa da qual recordava era que saia de casa pela manhã para a faculdade... E nada. Mais nada.
Procurei ao redor, e encontrei minha bolsa jogada no banco desleixadamente. Procurei o celular, em vão. Olhei ao redor, e estava em uma cabine com dois bancos. Meus olhos caíram no outro. Havia uma mochila preta, e do lado dela meus sapatos. Olhei para meus pés, estava só de meias, e enrolada em um casaco grande demais para ser meu. 
Fiquei sentada por alguns segundos tentando ligar algum fato contundente para aquela situação estranha, e então corri para a porta da cabine. Estava trancada. Chutei e esmurrei chamando por alguém, mas o barulho do lado de fora parecia abafar qualquer palavra minha. Bom, era a hora de ficar assustada.
Corri o olhar para a mochila do outro branco, obviamente havia alguém comigo, a questão era quem, e porque me deixara trancada.
Hesitei um instante e fui olhá-la mais de perto. Havia um caderno ao seu lado, o meu. Uma folha estava destacada em cima, riscada com uma letra desconhecida:
"Quieta"
Revirei minha mente tentando lembrar-me algo e nada. Abri a mochila e passei a revirar o seu conteúdo. Roupas masculinas.
Um "cara". Um estranho. O que eu fazia ali com um estranho? E ainda por cima, sem lembrar-me nada?
Despejei com raiva o conteúdo da mochila sobre o banco, e então algo caiu no chão com um baque estranho. Um envelope pardo, liso. O apanhei e após uma analise rápida abri-o e gelei.
Havia mais dinheiro ali do quê havia visto em toda a minha vida.
Arfei e soltei o envelope no banco como se ele fosse me morder.
"Meu Deus... O que...”
Não houve tempo para mais perguntas, quando avistei algo brilhar por entre o conteúdo despejado no banco. Toquei hesitante as roupas e a vi.
Uma arma prateada e reluzente.
"Uma arma. Muita grana... eu... encrenca!"
Meus nervos começaram a me trair e respirei ofegante. Corri para a janela, e o ar de minha boca embaçou o vidro por um instante, antes que pudesse avistar a cadeia desconhecida de montanhas, e o nada.
"Pensa Lorem... pensa!"
Corri para a porta e chamei por ajuda de novo. Avistei então uma senhora com um carrinho de doces e a chamei. Ela sorriu oferecendo as guloseimas.
- Estou trancada! Pode me ajudar? - Pedi
- A moça perdeu a chave?
- Sim. -
Menti
Ela assentiu
- Vou chamar um responsável...
- Eu agradeço... Ah, e mais uma coisa. A senhora viu a pessoa que estava aqui comigo?
- Ah sim - ela sorriu saindo- o loirinho alto, o seu irmão não é?
- Irmão... - sussurrei
Não tenho irmão loiro coisa nenhuma! O que estava acontecendo afinal?
Tentei chamar à senhora que se afastava, mas ela não me ouvia mais. Um cara loiro estava naquele trem, se passando por meu irmão. Ele tinha uma arma e muito dinheiro na mochila, e me conhecia.
Ele me mandara ficar quieta, e me trancara na cabine.
E eu não estava nenhum pouco com vontade de obedecer alguém que estava restringindo minha liberdade.
Hesitei um segundo antes de pegar a arma. Era hora de aprender atirar. Eu iria sair do raio daquela cabine nem que precisasse explodir a maçaneta!
Posicionei a arma e me preparei. Com sorte ninguém ouviria...
Quem eu estava tentando enganar? É claro que ouviriam!
E então a chave girou na porta e alguém entrou.
Uma mão tomou-me a arma com rapidez e me empurrou para o banco.
- O que raios ia fazer?!

O trem brecou e o barulho ensurdecedor me vez pular...
... Da cama.
Meu despertador estava tocando. Hora de ir para a faculdade.
Prometi a mim mesma de hoje em diante evitar assistir filmes de ação até a alta madrugada.


Lorem Krsna

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